“Nós queremos que a agricultura familiar e
os assentamentos da reforma agrária, tenham produção e industrialização
que agreguem valor. O que está construído aqui é uma alternativa real
para erradicação da pobreza rural. Um tripé: cooperativismo,
agroindustrialização e agroecologia. Demonstrando uma reforma agrária
moderna direcionada para o crescimento, para o futuro”, afirmou a
presidenta Dilma Rousseff, após inaugurar a unidade de secagem de arroz,
no assentamento Lanceiros Negros, em Eldorado do Sul (RS), nesta
sexta-feira (20).
Segundo a
presidenta, o Brasil tem que saber que é possível produzir arroz de alta
qualidade, de forma agroecológica, com desenvolvimento sustentável
baseado nos assentados da reforma agrária. “Agora estas famílias vão ter
condições de ter uma renda digna e de garantir um futuro melhor para
seus filhos. Essa é uma experiência que deu certo”, enfatizou a
presidenta, que anteriormente participou da abertura da 12ª Colheita do
Arroz Agroecológico no estado.
Dilma
garantiu, para os mais de seis mil presentes no ato de inauguração, que o
Pronatec Campo e o Minha Casa Minha Vida Rural continuarão sendo
prioridades do governo. “A reforma agrária amadureceu em qualidade.
Queremos que os assentamentos sejam espaços de vida, não só de produção
rural. Para isso, reforço meu compromisso com a manutenção desses
programas que asseguram moradia e capacitação, bem como os que garantem a
comercialização.”
“Este é o Brasil que
queremos, um país complexo, com uma agricultura familiar forte, um alto
negócio para as famílias, um alto negócio para o País. Para isso, temos
garantindo, desde 2003, a expansão do Pronaf, do seguro que protege o
agricultor, além de facilitar a compra de equipamentos e garantir
assistência técnica”, disse a presidenta Dilma.
Ao
falar do seu compromisso com a reforma agrária, Dilma apontou as
expectativas para o tema. “Queremos uma reforma agrária que crie
condição de vida digna no campo, queremos que a tecnologia seja
absorvida. Assistência técnica não é só ensinar a plantar, mas garantir,
por exemplo, acesso à internet, para que os jovens possam viver em
assentamentos da mesma como vivem no meio urbano.”
Este
ano, a expectativa é que sejam colhidos mais de 24 mil toneladas de
arroz orgânico, nos cerca de cinco mil hectares plantados, em
assentamentos gaúchos. São quase 500 famílias articuladas na produção
sem o uso de produtos químicos.
O ministro do Desenvolvimento Agrário,
Patrus Ananias, destacou que a presença da presidenta da República na
abertura da colheita é parte de um permanente dialogo do Governo Federal
com a sociedade. “O Brasil é um país de muitas vozes, unido em sua
diversidade cultural, regional e social. Essa diversidade é que faz a
riqueza do nosso país, em sintonia com a nossa constituição cidadã”,
observou ao salientar que o MDA tem dois grandes compromissos para os
próximos quatro anos: assentar com dignidade todas as famílias sem-terra
no Brasil e garantir que os assentamentos sejam espaços para o
desenvolvimento, para produção de alimentos, bem como um espaço onde os
jovens possam seguir no caminho certo.
Também
participaram do ato: o ministro-chefe da Secretaria-Geral da
Presidência da República, Miguel Rossetto; o ministro da Secretaria de
Relações Institucionais, Pepe Vargas; a ministra do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, Tereza Campello; o governador do RS, José Ivo
Sartori; o prefeito de Eldorado do Sul, Sérgio Munhoz; João Pedro
Stédile, da Direção Nacional do MST; parlamentares federais e estaduais;
além de delegações de movimentos sociais vindas do interior do Rio
Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná.
Investimento em infraestrutura
A
unidade de secagem de arroz foi viabilizada por meio de convênio, do
Programa Terra Forte do Incra, entre o BNDES e o governo do RS, com o
repasse federal de R$ 3,4 milhões. O recurso viabilizou a realização da
obra que tem capacidade para processar 100 mil toneladas de arroz por
safra. Com a inauguração dessa unidade de processamento e armazenagem, a
Cooperativa dos Trabalhadores Assentados na Região de Porto Alegre
(Coopat) tem capacidade de agroindustriaIizar 392 mil toneladas de arroz
a cada safra.
Emerson Giacomelli,
coordenador da Coopat, realçou que com o trabalho dos assentados e o
apoio do Governo Federal, foi possível criar um polo de produção de
arroz orgânico. “Essa terra livre de cercas, de veneno e agrotóxicos,
reafirma a condição da reforma agrária como produtora de alimentos
saudáveis”, ressaltou ao pontuar que os assentados já tem autonomia na
produção de sementes de arroz agroecológico.
Reforma agrária mudando vidas
“Sempre
lutei para ter terra, desde a criação do MST nos anos 80. A reforma
agrária me deu condições para criar e educar meus três filhos, de ter
uma vida melhor, de conquistar o sonho da terra”, lembrou, emocionada, a
assentada, Juraci Lima de Oliveira, que compareceu ao ato. Em 1987, sua
luta foi recompensada com a conquista de 12 hectares no assentamento
Itapuí, em Nova Santa Rita, na região metropolitana da capital gaúcha.
Juraci
conta que na década de 90 começou a produzir verduras sem o uso de
agrotóxicos e adubos químicos. “No começo a gente viu que dava certo e
que era mais barato e melhor para a saúde. Depois disso, nos unimos a
outro assentamento e começamos a produzir na área coletiva arroz
orgânico. Isso mudou nossa vida, garantiu uma renda melhor e também uma
grande visibilidade para nosso trabalho como assentados.”
Diálogo com os movimentos sociais
Após
participar da agenda com a presidenta Dilma, o ministro Patrus Ananias,
recebeu representantes da Via Campesina. A reunião serviu para
estreitar o diálogo entre o Governo Federal e os movimentos sociais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário