Brasília (DF), 05/03/2012
A experiência brasileira em agricultura familiar é destaque em cursos internacionais
“Além de garantir a segurança alimentar do país, a agricultura familiar é
hoje um elemento central de estabilidade para a economia brasileira”, afirmou o
secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA), Laudemir Müller, para representantes de 20 países da Oceania, África,
América Latina e Caribe, nesta segunda (5), em Brasília. O grupo, que reúne
profissionais de ministérios e instituições ligadas à agricultura, estará
reunido até 14 de março para o curso de Políticas Públicas de Comercialização
Voltadas para Fortalecimento da Agricultura Familiar e Segurança Alimentar e
Nutricional – o Caso Brasileiro
Para uma plateia atenta, Müller resumiu o processo histórico de
fortalecimento da agricultura familiar no Brasil, iniciado com a força dos
movimentos sociais, e traçou um panorama até os dias atuais, quando o segmento
conta com políticas públicas estruturadas para seu desenvolvimento. O secretário
elencou as políticas de crédito, assistência técnica e o sistema de compras
públicas como os principais instrumentos disponíveis para a geração de renda e o
crescimento dos agricultores e agricultoras familiares. Também ressaltou que
todos esses avanços são resultado de um processo político e histórico, e que
apontam para novos desafios, como o da organização econômica, o da
comercialização e de políticas para empreendimentos.
O curso é promovido pela Agência Brasileira de Cooperação do
Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), com participação da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab) e dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Tem como objetivo apresentar a
solução brasileira na construção de programas e políticas voltados para a
agricultura familiar e segurança nutricional. No programa do evento, a
Secretaria da Agricultura Familiar do MDA terá palestra sobre o Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA) e políticas de incentivo à produção.
Formação em políticas públicas
Em outro evento internacional realizado em Brasília (curso Formação em Políticas Públicas para a Igualdade de Gênero com ênfase em Políticas para as Mulheres Rurais e Segurança Alimentar), o secretário também destacou o contexto social em que a agricultura familiar brasileira ganhou seus instrumentos e hoje tem políticas públicas que garantem benefícios e qualidade de vida para seus trabalhadores e para as mulheres que vivem no meio rural e ajudam a construí-lo.
"A agricultura familiar produz 70% dos alimentos consumidos no
Brasil, ocupa 25% da área cultivada no país, gera 75% dos empregos no meio rural
e representa 84% dos estabelecimentos do meio rural brasileiro", enumerou o
secretário para representantes de 28 países, de instituições governamentais
ligadas à agricultura, desenvolvimento econômico, social e rural.
Com maioria feminina, os participantes do curso conheceram os
principais benefícios voltados para as mulheres do meio rural brasileiro. Por
exemplo, a linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf Mulher), com taxa de juros de 2% ao ano e limite de
investimento de R$ 50 mil. “Nossa estimativa é que 23% dos financiamentos vão
para as mulheres ou tenham a mulher como figura central da família”, disse
Müller. “Já na região Nordeste, 56% do crédito são acessados por mulheres”,
acrescentou.
Müller ainda observou que, entre os extremamente pobres
atendidos pelo Plano Brasil Sem Miséria, as mulheres ainda são os mais pobres
entre os mais pobres, por isso, o plano está fazendo chegar os recursos e
assistência técnica para a produção para o público feminino – inclusive com
assistência técnica feita por mulheres.
A pesquisadora do Núcleo de Pesquisa
e Alimentação da Universidade de Campinas (Unicamp), Emma Siliprandi, apontou
que existe uma série de questões não resolvidas para as mulheres do meio rural,
como a divisão de trabalho, mas que “sem dúvida, as políticas públicas podem ser
uma importante ferramenta para a melhoria de vida desse público”. Emma palestrou
sobre a experiência brasileira de segurança alimentar e nutricional e as
políticas públicas para as mulheres.
O curso acontece de 27 de fevereiro
a 09 de março, em Brasília, com coordenação da Secretaria de Políticas para as
Mulheres e realização da ABC/MRE.
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