Produção
de mel adoça a vida de mais de 16 mil agricultores familiares no Brasil
29/05/2012 10:31
O Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA) liberou aproximadamente R$ 96 milhões em crédito, de 1995 a 2011,
para custeio e investimento na área de apicultura, a fim de fortalecer o setor.
Os recursos ajudaram a ampliar o número de apicultores cadastrados no
território brasileiro. Atualmente, são cerca de 16,5 mil.
Os crescentes incentivos, por meio de políticas
públicas, pesquisas e assistência técnica, proporcionaram um real
desenvolvimento ao setor apícola, levando-o a conquistar mais espaço no mercado
nacional, se livrando do estigma de atividade complementar. “A apicultura é uma
das atividades mais virtuosas desenvolvidas no campo devido à sua preocupação
com o meio ambiente”, relata Nilton Pinho de Bem, delegado do MDA no Rio Grande
do Sul, estado que mais produz mel no Brasil.
“Exemplo disso é que as abelhas são excelentes
marcadoras ambientais, já que não sobrevivem em meios tóxicos e poluídos”, explica
Nilton. Elas contribuem para o meio ambiente por meio da polinização, além de
ajudar na agricultura e fornecer mel, geleia real, cera, própolis e pólen. A
atividade é considerada rentável devido ao curto ciclo de produção.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), a Região Sul lidera o ranking com 43,5% da produção
apícola nacional, seguido da Região Nordeste com 34,5%, depois a Sudeste com
16,2%, a Centro-Oeste 3,4% e, por último, a Região Norte, com 2,4% da produção
de mel.
Nordeste, Sudeste e Sul são exemplos de que a
organização produtiva setorial é uma das melhores opções para que o apicultor
se desenvolva. Segundo o extensionista rural e técnico da Emater/RS, Carlos
Alberto Angonese, mais de 50% dos apicultores do estado são cooperativados e
mantém reuniões periódicas para trocar experiências. “Isso fomentou os novos e
antigos apicultores para que tivessem sempre renda garantida”, explica. “Hoje,
aumentou o número de apicultores comerciais, com atividade desenvolvida e como
única fonte de renda. Nota-se, ainda, a diminuição do apicultor de subsistência
em todo o Brasil”, acrescenta Angonese.
Crédito como incentivo
Entre os municípios rondonienses de Cacoal e Ministro Andreazza, por exemplo, vive seu Jorge Eller, 50 anos, casado com dona Sofia e pai de três filhos. Eles trabalham juntos na produção de banana, mamão, café e mel silvestre. A propriedade de 25 hectares onde moram há sete anos recebeu o nome de Sítio do Mel pela importância do produto na vida da família. “Quando casei, não tínhamos recurso nenhum e começamos a trabalhar com abelhas”, conta Jorge. Com o dinheiro que ganhou com a apicultura ele manteve a casa e investiu na produção das frutas. “Comprei até gado, mas vendi tudo e investi no sítio”, lembra.
Crédito como incentivo
Entre os municípios rondonienses de Cacoal e Ministro Andreazza, por exemplo, vive seu Jorge Eller, 50 anos, casado com dona Sofia e pai de três filhos. Eles trabalham juntos na produção de banana, mamão, café e mel silvestre. A propriedade de 25 hectares onde moram há sete anos recebeu o nome de Sítio do Mel pela importância do produto na vida da família. “Quando casei, não tínhamos recurso nenhum e começamos a trabalhar com abelhas”, conta Jorge. Com o dinheiro que ganhou com a apicultura ele manteve a casa e investiu na produção das frutas. “Comprei até gado, mas vendi tudo e investi no sítio”, lembra.
O setor apícola é uma complementação de renda
para eles. A família possui 30 caixas de colmeias espalhadas pelo sítio e em
áreas vizinhas. A produção é vendida para supermercados, além de
feirantes de Rondônia e, também, do Acre. O mel ainda é repassado para
farmácias.
Assim que mudou para o sítio, em 2005, seu Jorge
acessou o crédito disponibilizado pelo MDA através do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), na linha de microcrédito rural
para a estruturação da propriedade. “Eu tinha só uma parte do dinheiro para a
compra do imóvel, então financiei a casa porque não tinha condição, agora
falta só uma parcela para quitar”, conta.
Em seguida, o apicultor acessou linhas de custeio
e investimento do Pronaf e, no último ano, obteve crédito através de outra
linha do MDA, o Mais Alimentos, para a compra de um pequeno caminhão que
hoje é utilizado no transporte de produtos. Com tanto incentivo, a propriedade
de seu Jorge é bem estruturada, “Tem a casa bem arrumada, muito pomar, muitas
abelhas e uns R$ 50 mil gastos em irrigação debaixo da terra, graças aos
programas do MDA”, relata.
Organização produtiva
Fábia de Mello Pereira, pesquisadora da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Meio Norte no Piauí – centro
de referência em estudos apícolas e a primeira a estudar a apicultura no Brasil
–, ressalta a importância da organização produtiva para o setor. “O apicultor
ligado a cooperativas se sobressai porque a infraestrutura de extração e
beneficiamento do mel é economicamente inviável para o único produtor”, afirma.
Buscando elevar e efetivar a produção de mel no
Centro-Oeste os produtores de Mato Grosso do Sul têm na pesquisa o ponto forte
de desenvolvimento. “Buscamos a profissionalização do setor, envolvendo capacitação,
pesquisa e inovação, para que o apicultor possa ampliar, escoar e comercializar
a produção”, reforça o pesquisador da Embrapa Pantanal Vanderlei Doniseti
Acássio dos Reis.
Na Região Norte a assistência à apicultura é
fonte complementar de renda para as famílias agricultoras, mas de acordo com o
gerente da Emater de Cacoal, Antônio Fernandes de Assis, a apicultura vem tendo
total apoio do estado e dos organismos ligados à atividade e essa realidade
está mudando.
Mais Alimentos
O Mais Alimentos – uma das linhas de crédito do
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) – destina
recursos para investimentos em infraestrutura da propriedade rural e, assim,
cria as condições necessárias para o aumento da produção e da produtividade da
agricultura familiar. Os agricultores podem financiar até R$ 130 mil,
individualmente, e até R$ 500 mil, coletivamente. A taxa de juros para
financiamentos até R$ 10 mil é de 1% ao ano e acima desse valor, a taxa fica 2%
ao ano. O prazo para pagamento é até dez anos, com até três anos de carência.
O Mais Alimentos é uma ação estruturante que
permite ao agricultor familiar investir em modernização e aquisição de máquinas
e de novos equipamentos, correção e recuperação de solos, resfriadores de leite,
melhoria genética, irrigação, implantação de pomares e estufas e armazenagem.
Esta
linha de financiamento contempla também projetos associados a apicultura,
aquicultura, avicultura, bovinocultura de corte, bovinocultura de leite,
caprinocultura, fruticultura, olericultura, ovinocultura, pesca e suinocultura
e a produção de açafrão, arroz, centeio, feijão, mandioca, milho, sorgo, trigo,
cana-de-açúcar e palmácea para produção de palmito.
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