No
assentamento da reforma agrária Rio Claro, na cidade goiana de Jataí, a
300 quilômetros de Goiânia, capital do estado, é a natureza quem faz o
trabalho. Lá, as abelhas ditam as regras da produção e da confecção de
produtos naturais feito com o mel, ora suave, ora mais encorpado, como
define a assentada Lázara Batista. E toda essa história começou com a
ajuda do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Lázara, 46 anos, é quem preside o Abelha de Ouro,
grupo com apenas seis mulheres. O Abelha de Ouro pertence à Cooperativa
de Produção Agroindustrial Familiar do Sudoeste Goiano (Coopfas), que
tem como carro-chefe outro tipo de produção, o leite. Na cooperativa,
todos acessaram o Pronaf grupo A, voltado para assentamentos. Mas dona
Lázara, mãe de três filhos e avó de quatro netos, queria mais.
Em 2005, ela fez a primeira tentativa, apresentando à
prefeitura um projeto com a ideia de transformar o assentamento, que
fica dentro de uma reserva, em um local rentável. “A ideia inicial era
tornar a nossa reserva produtiva. E a única coisa que se podia produzir
ali dentro sem degradar a natureza era o mel. Fizemos um projeto para
usar a reserva e torná-la rentável, porque a gente preservaria o
ambiente e ainda tiraria o sustento dali”, explica a produtora, que
ainda precisou esperar mais cinco anos para tirar a ideia do papel.
Edital
Em 2010, com o dinheiro conquistado por meio de um
edital público, Lázara e as companheiras deram início ao apiário. Elas
compraram as colmeias e os produtos de inox que as ajudam, até hoje, na
produção caseira. A colheita do mel, que, para ficar suave ou mais denso
depende do tipo de flor (chamada por elas de “florada”), é feita apenas
uma vez por ano. No máximo, duas. “Distribuímos o mel em frascos. A
quantidade ainda é pequena, porque as abelhas sempre mudam. Essa última
colheita rendeu 200 kg de mel”, relata.
Com essa produção, o
Abelha de Ouro vende, além do mel puro tirado da abelha-africana,
sabonete íntimo com barbatimão, aroeira, mel e própolis; cera
depilatória; gel com microesferas esfoliantes; spray bucal; shampoo e
condicionador para os cabelos. “Quem faz tudo é a natureza, depende da
florada, do mel. Quem direciona tudo são as abelhas”, explica Lázara. A
assentada diz que as abelhas são como os animais de estimação, que
entendem quando o dono conversa com eles. Ela faz o mesmo com as
abelhas. “Começamos a trabalhar com as abelhas como se fosse com um
cachorro que temos dentro de casa. Então, conversamos com elas. E elas
dão retorno. As abelhas sentem”, acredita. “Minha meta para o futuro é
ambiciosa. Quero continuar no assentamento, mas quero ter conforto,
qualidade de vida. Vou vender meus produtos onde tiver mercado”, espera a
assentada.
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