“Temos
convicção do enorme potencial que a agricultura familiar do Nordeste
tem para contribuir com a soberania e a segurança alimentar brasileira.
Para tanto, temos que enfrentar a questão fundiária na região,
intensificando as ações de regularização fundiária e de acesso à terra.
Esse é nosso compromisso, esse é o compromisso do MDA”, disse o
secretário de reordenamento Agrário (SRA/MDA), Adhemar Almeida, aos
participantes.
Um dos principais
temas discutidos foi a ampliação do acesso, pelos agricultores
familiares, à linha Combate à Pobreza Rural (CPR) do PNCF, importante
instrumento de aquisição de terra para os trabalhadores rurais
nordestinos, inscritos no CadÚnico. Além de possibilitar o acesso à
terra, a linha prevê recursos, não reembolsáveis, para infraestrutura
básica (água, luz, cercamento) e produtiva (compra de sementes, insumos,
animais).
PNCF contribui para o desenvolvimento
De
acordo com o jovem beneficiário de Amaraji (PE), Luis Alexandre Barros
de Lima, que junto a mais quatro famílias acessou a linha CPR em 2006, o
programa de Crédito Fundiário foi o marco inicial para o seu
desenvolvimento e o de sua família. O agricultor conta que com o
dinheiro do recurso não reembolsável pode estruturar a propriedade.
“Nossa
moradia melhorou e pudemos investir na diversificação e na qualificação
da produção. Depois acessamos o Pronaf e crescemos ainda mais. Aos
pouquinhos, fomos eliminando os atravessadores e com a venda direta
nossa renda triplicou. Nada disso seria possível se não tivéssemos um
programa (PNCF) que nos permitisse comprar a terra em que trabalhávamos,
no nosso município. A terra é a mesma, o que mudou foram os donos, que
agora somos nós”, contou, satisfeito, Lima.
Adriana
Brasil é uma das seis beneficiárias da Associação Irmãos Brasil, em
Assaré (CE), adquirida também pela linha CPR do PNCF. Segundo ela, antes
de acessarem o programa, eles trabalhavam na terra dos outros para se
manter. ”Nós sobrevivíamos. Quando recebemos a terra investimos o
recurso do SIC (Subprojeto de Investimento Coletivo) na construção das
casas e na compra de animais. Criamos porco, galinha, ovelha e
produzimos frutas e hortaliças, que comercializamos nas feiras de Assaré
e Potengi, nas vendas dos municípios e para o Programa Nacional de
Alimentação Escolar. Quando me perguntam o que mudou na nossa vida, eu
digo com muito orgulho: tudo. Antes do Crédito Fundiário não tínhamos
nada. Hoje temos terra, casa, renda e dignidade”, completou a jovem
beneficiária.
Para o secretário de
política agrária da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura
(Contag), Zenildo Xavier, o evento permite as federações e lideranças
retomarem o debate sobre a importância do crédito fundiário como
política complementar de reforma agrária para a região Nordeste.
“O
PNCF tem, no NE, seu foco principal no combate a pobreza rural,
permitindo que agricultores do semiárido possam adquirir sua terra e se
desenvolver de forma sustentável, garantindo a produção de alimentos
saudáveis. Tem ainda o importante papel de promover a sucessão familiar,
permitindo que os jovens trabalhadores rurais permaneçam no campo”,
salientou Xavier.
Promovido pela
Contag, como parte das estratégias prevista no convênio firmado com o
MDA, o encontro reúne cerca de 200 participantes entre presidentes,
diretores de agrária e lideranças sindicais das nove federações dos
estados do Nordeste (NE).
Programa Nacional de Crédito Fundiário
O
PNCF é uma política pública do Governo Federal criada para que
agricultores familiares sem terra ou com pouca terra possam adquirir
imóveis rurais. Funciona como uma política complementar à reforma
agrária, uma vez que permite a aquisição de áreas que não são passiveis
de desapropriação.
Além da terra, o
financiamento permite ao agricultor construir sua casa, preparar o solo,
comprar implementos, ter acompanhamento técnico e o que mais for
necessário para se desenvolver de forma independente e autônoma. O
financiamento pode ser individual ou coletivo.
Gerido pela Secretaria de Reordenamento Agrário (SRA/MDA), o PNCF já beneficiou mais de 135 mil famílias em 21 estados.
Linha Combate à Pobreza Rural
A
linha CPR, do PNCF, prevê juros de 0,5% ao ano para inscritos no
CadÚnico do Governo Federal e que vão acessar terra de maneira
associativa. O recurso para investimento em infraestrutura não é
reembolsável.
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