Ações do MDA levam cidadania e renda para mulheres rurais de todo o
Brasil
06/03/2012
04:00
Agricultoras, pescadoras, acampadas e assentadas da
reforma agrária, quilombolas, extrativistas, indígenas e atingidas por barragens.
As mulheres desempenham papel essencial no desenvolvimento agrícola, na
segurança e soberania alimentar e na gestão dos recursos naturais e da família
agricultora.
Ciente desse importante papel assumido pelas
mulheres no meio rural, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio
da Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais (DPMR), vem desenvolvendo três
programas com ações dirigidas às mulheres - o de Documentação da Trabalhadora
Rural, de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) especializada para
mulheres e o de Organização Produtiva das Mulheres.
O primeiro passo para possibilitar o acesso da
mulher às políticas públicas é a documentação. Com os documentos, a mulher pode
assegurar seus direitos. “Em 2012 a previsão é de que sejam realizados 1,1 mil
mutirões de documentação”, afirma a coordenadora de acesso à terra e cidadania
da DPMR, Márcia Riva. “Destes mutirões, 700 serão para atender o público do
Plano Brasil Sem Miséria, priorizando as pessoas que vivem na extrema pobreza”,
conclui.
Os mutirões são realizados dentro do Programa
Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural (PNDTR), executado pelo MDA e
pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), autarquia
vinculada ao MDA. Os mutirões itinerantes ocorrem sempre em locais próximos à
moradia das trabalhadoras rurais, onde são emitidos, gratuitamente, documentos
civis e trabalhistas.
O trabalho também inclui o repasse de informações
para estas pessoas, que são orientadas sobre a importância da documentação para
a mulher, o uso e a conservação do material, bem como as maneiras de ingressar
em políticas públicas para a agricultura familiar.
Em 2012, a exemplo do trabalho iniciado no ano
passado, os mutirões vão emitir também a Declaração de Aptidão ao Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP), além do bloco de
notas fiscais que permite a comercialização da produção. “O documento é a porta
de entrada da trabalhadora para todos os benefícios da cidadania. A partir
dele, a mulher tem acesso a todas as políticas públicas”, explica a
coordenadora geral de Acesso à Terra e Cidadania da DPMR, Isolda Dantas.
Expresso Cidadã
O programa conta com 24 unidades móveis para emitir registros de nascimento, identidade, cadastro de pessoa física (CPF), carteira de trabalho e previdência social, DAP e o bloco de notas fiscais. Os ônibus, chamados de “Expresso Cidadã”, são adaptados para levar cidadania para as mulheres que residem em lugares de difícil acesso, onde a população enfrenta maiores dificuldades no transporte e acesso à documentação. Um dos desafios a ser superado em 2012 é o acesso a localidades onde só dá pra chegar de barco, o que será possível com unidades móveis aquáticas, além das terrestres – um projeto em andamento.
O programa conta com 24 unidades móveis para emitir registros de nascimento, identidade, cadastro de pessoa física (CPF), carteira de trabalho e previdência social, DAP e o bloco de notas fiscais. Os ônibus, chamados de “Expresso Cidadã”, são adaptados para levar cidadania para as mulheres que residem em lugares de difícil acesso, onde a população enfrenta maiores dificuldades no transporte e acesso à documentação. Um dos desafios a ser superado em 2012 é o acesso a localidades onde só dá pra chegar de barco, o que será possível com unidades móveis aquáticas, além das terrestres – um projeto em andamento.
Desde a criação, em 2004, o PNDTR já realizou 3.344
mutirões em 3.553 municípios, atendendo a 830.500 mulheres com a emissão de
1.783.500 documentos. Entre eles, a carteira de identidade e o CPF de Tuani da
Conceição Silva, trabalhadora rural da comunidade Pé Leve, no município de
Limoeiro, em Alagoas.
Em julho de 2011, aos 19 anos, Tuani recebeu seus
documentos por meio do programa. “As pessoas passam a existir depois de tirar o
documento. Eu só tirei a certidão de nascimento depois de grande, e mesmo assim
ainda não tinha carteira de identidade e CPF”, conta. Tuani é mãe de uma menina
de dois anos, com quem mora junto com a mãe e três irmãos numa casa de dois
cômodos. O trabalho na plantação de cana, fumo, mandioca e feijão garante a
renda da família. “Agora, eu posso até pedir o auxílio-maternidade”, comemora.
Ater para Mulheres
Uma vez que recebem os documentos, as mulheres rurais estão aptas a ingressar nas políticas públicas que podem trazer mais benefícios. É aí que entra outra política desenvolvida pelo MDA, a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) especializada para mulheres. Assim como a documentação, os serviços de Ater são essenciais para resolver os problemas mais imediatos da trabalhadora. Em 2004, a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater) passou a contar com uma política setorial de Ater para as mulheres com objetivo de fortalecer a organização produtiva de mulheres, promover a produção de base ecológica e ampliar o acesso delas às políticas públicas de produção e comercialização.
Uma vez que recebem os documentos, as mulheres rurais estão aptas a ingressar nas políticas públicas que podem trazer mais benefícios. É aí que entra outra política desenvolvida pelo MDA, a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) especializada para mulheres. Assim como a documentação, os serviços de Ater são essenciais para resolver os problemas mais imediatos da trabalhadora. Em 2004, a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater) passou a contar com uma política setorial de Ater para as mulheres com objetivo de fortalecer a organização produtiva de mulheres, promover a produção de base ecológica e ampliar o acesso delas às políticas públicas de produção e comercialização.
“As ações estão interligadas e funcionam em ciclo”,
explica a coordenadora geral de organização produtiva e comercialização da
DPMR, Analine Specht. “As políticas visam reforçar a importância da mulher como
agricultora”, assinala. No meio rural, a diferença de renda entre homens e
mulheres é maior do que no meio urbano. Enquanto o rendimento deles é de cerca
de R$ 70, o delas fica em torno de R$ 9. Isto se deve ao fato de que às
mulheres do campo em geral cabe o trabalho doméstico, criação de animais, plantio
para consumo da família e outras atividades produtivas, porém não remuneradas.
A partir do processo de seleção via chamadas
públicas, as equipes de Ater para Mulheres vão a campo ofertar os serviços de
assistência técnica por meio de oficinas, palestras e outros serviços de
capacitação e qualificação da produção das trabalhadoras. Elas são incentivadas
a se inserir nas atividades produtivas e remuneradas. “As chamadas de Ater
mista costumam ser para toda a família, quando, na maioria das vezes, quem vai
participar das atividades é o homem, o pai, o marido, o irmão. Por este motivo,
a Ater para Mulheres tem um foco individual, atendendo somente as demandas das
mulheres”, complementa Analine.
Até 2011, foram financiados 106 projetos,
totalizando um investimento no valor de mais de R$ 19 milhões, que beneficiaram
mais de 52 mil mulheres.
Depoimento
Tatiana Muniz Siqueira, pescadora do município de Tibau, no interior do Rio Grande do Norte, considera os serviços de Ater para Mulheres decisivas para a construção da autonomia das trabalhadoras da região. “Muitas das mulheres da comunidade não tinham noção de como administrar suas produções. Tivemos acompanhamento na produção da polpa de fruta, nas hortas e na pesca”, conta.
Tatiana Muniz Siqueira, pescadora do município de Tibau, no interior do Rio Grande do Norte, considera os serviços de Ater para Mulheres decisivas para a construção da autonomia das trabalhadoras da região. “Muitas das mulheres da comunidade não tinham noção de como administrar suas produções. Tivemos acompanhamento na produção da polpa de fruta, nas hortas e na pesca”, conta.
Para Tatiana, o serviço auxiliou a organização e o
crescimento da Cooperativa Tibauense de Pescados, onde trabalha. A chamada
Cootipesca, composta de 20 sócias, nasceu quando mulheres de pescadores
perceberam que podiam aproveitar os pescados que se perdiam na produção da
família. A partir daí, passaram a produzir iscas, linguiça, almôndegas,
petiscos e até hamburger de peixe. Hoje elas vendem para todo o município e
para fora, além de estarem inseridas no Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE), por meio do qual as prefeituras compram a produção da
cooperativa, que vai direto para a merenda escolar das crianças da rede pública
de ensino.
“É um avanço e tanto para quem antes não saía de
casa por não ter com quem deixar os filhos. Hoje, a maioria já tem essa
liberdade”, compara Tatiana. A socialização do trabalho do cuidado com as
crianças é uma conquista importante alimentada pelos projetos de Ater para
Mulheres. Em todas as atividades realizadas, a chamada oferece obrigatoriamente
recreação infantil, para que o cuidado com os filhos não impeça as mães de
participar. “Claro que é difícil tirar uma mulher de dentro de casa o dia todo,
mas por metade do dia a gente já consegue”, comemora Tatiana.
Organização Produtiva
Com o apoio das políticas do MDA, grupos produtivos, cooperativas e organizações compostas por mulheres, como a Cootipesca, têm a possibilidade de crescer também incentivados pelo Programa de Organização Produtiva das Mulheres Rurais (POPMR).
Com o apoio das políticas do MDA, grupos produtivos, cooperativas e organizações compostas por mulheres, como a Cootipesca, têm a possibilidade de crescer também incentivados pelo Programa de Organização Produtiva das Mulheres Rurais (POPMR).
O objetivo é fortalecer as organizações produtivas
de trabalhadoras rurais, garantindo o acesso das mulheres às políticas públicas
de apoio à produção e comercialização, a fim de promover sua autonomia
econômica e incentivar a troca de informações, conhecimentos técnicos,
culturais, organizacionais e de gestão, valorizando os princípios da economia
solidária e feminista. Desde a sua criação, em 2008, cerca de nove mil grupos
com a participação de mulheres foram identificados pelo POPMR. Mais de 128 mil
mulheres foram beneficiadas com um investimento de mais de R$ 31 milhões.
Além da organização produtiva, em 2012, um dos
principais focos da DPMR/MDA será a comercialização. O acesso gratuito aos
mecanismos que facilitem o comércio por meio de políticas como o PNAE e o
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma meta para este ano. “A ideia é
que a gente possa fomentar junto aos governos estaduais a disponibilização de
notas fiscais gratuitas para as mulheres rurais”, explica Márcia Riva. “Desta
forma, podemos estimular a comercialização das mulheres por meio das compras
públicas” completa.
Agenda
No Dia Internacional da Mulher, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) construiu uma agenda que reafirma as políticas públicas para o acesso à cidadania e autonomia da mulher rural, em reconhecimento à sua história de luta e de trabalho. Nesta terça (06) acontece a Conferência Nacional Temática de Ater para Mulheres. Participam do evento a Rede Temática de Ater para Mulheres e o Comitê de Políticas Públicas para Mulheres Rurais do Condraf.
No Dia Internacional da Mulher, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) construiu uma agenda que reafirma as políticas públicas para o acesso à cidadania e autonomia da mulher rural, em reconhecimento à sua história de luta e de trabalho. Nesta terça (06) acontece a Conferência Nacional Temática de Ater para Mulheres. Participam do evento a Rede Temática de Ater para Mulheres e o Comitê de Políticas Públicas para Mulheres Rurais do Condraf.
A conferência temática busca intensificar o diálogo
sobre a assistência técnica na promoção da igualdade de gênero, especialmente
no reconhecimento do trabalho das mulheres rurais e o estímulo à sua inclusão
econômica, assim como mobilizar as trabalhadoras rurais para participarem dos
processos preparatórios à Conferência Nacional de Ater, a ser realizada pelo
MDA no próximo mês de abril.
Na quarta-feira (07), como referência à data
comemorativa, o MDA e a Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) assinarão
Acordo de Cooperação pela Cidadania e Autonomia das Mulheres Rurais com os
Estados de Alagoas, Acre, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Sul. Essa parceria tem
como objetivo promover o desenvolvimento da agricultura familiar por meio de
projetos que contribuam para o fortalecimento de organizações produtivas de
mulheres rurais.
O Acordo de Cooperação integra dois programas do
MDA – o de Organização Produtiva de Mulheres Rurais e o Programa Nacional de
Documentação da Trabalhadora Rural. Serão implantadas ações integradas nos
estados para garantir às mulheres rurais o acesso à cidadania, a autonomia
econômica e a prevenção e assistência à violência doméstica.
A meta do MDA é beneficiar 50 mil mulheres num
prazo de dois anos. Documentos, acesso à terra, assistência técnica,
organização produtiva e crédito são alguns dos instrumentos que o MDA utiliza
para reforçar o reconhecimento dos direitos das mulheres no meio rural e
reparar a desigualdade de gênero no país.
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