O
importante papel da agricultura familiar na segurança alimentar,
proteção do meio ambiente e no alívio da fome e da pobreza, entre outros
fatores, é o destaque do Ano Internacional da Agricultura Familiar –
2014. A qualidade dos alimentos produzidos pelo setor é um dos motivos
de a maioria do consumo na mesa do brasileiro vir da agricultura
familiar.
Na Região Sudeste, por exemplo, produtos
nativos como a mandioca e o milho estão presentes em vários pratos
típicos da população local. De acordo com o Censo Agropecuário de 2006 a
agricultura familiar é responsável por 87% da produção nacional de
mandioca e 46% do milho. Em Minas Gerais, a participação da agricultura
familiar na produção de mandioca é de 84% e de 47% na produção de milho.
De acordo com o secretário de
Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),
Valter Bianchini, cada região tem sua particularidade na agricultura
familiar e é importante preservar a cultura local. “É uma agricultura de
famílias que vivem de geração em geração na terra. Assim, há uma
relação cultural, de parentesco e de conhecimento muito importantes.
Preservá-la é preservar uma boa parte da cultura rural de cada região”,
destaca.
Outra produção forte em Minas Gerais é o
leite de vaca, cuja participação da agricultura familiar é responsável
por 58% da produção no estado. O ex-boia-fria, hoje agricultor familiar
Ronaldo dos Santos aumentou em seis vezes sua renda depois de ser
assentado em Minas Gerais. Morador do Projeto de Assentamento de Divisa,
em Ituiutaba (MG), localizada a 683 quilômetros de Belo Horizonte, ele
produz leite desde 1999.
Ronaldo conta que trabalhou 25 anos como
meeiro, na terra de outros, e como boia-fria. Hoje, o agricultor chega a
ganhar por mês mais de R$ 3 mil líquido com a produção do rebanho de 60
cabeças de gado leiteiro. “Agora eu tenho a minha terra, tenho 33
hectares pra poder criar meu gado”, diz.
Casado com a também agricultora Janete
Santana, 47 anos, ele tem as duas filhas cursando matemática e química
na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Ronaldo produz 350 litros
de leite por dia. Organizado com mais 25 assentados produtores de leite,
ele consegue vender o litro por R$ 1,20 para uma empresa de laticínios,
conseguindo 10 centavos a mais do preço de mercado. “Uma das maiores
ajudas que tive para melhorar minha vida foi o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf. Contratei duas vezes
para poder aumentar meu rebanho”, ressalta.
Tássia Navarro
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