É no município de Caconde (SP) onde os
agricultores familiares conseguem colher o café com menor custo de
produção do país. O produto chega a apresentar uma diferença de R$ 83
por saca em relação a outros custos no restante do Brasil. O resultado
só é possível devido a novas técnicas de plantação e a utilização de mão
de obra familiar.
O dado é resultado
de uma pesquisa realizada pela Comissão Nacional do Café da Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) junto a Universidade Federal
de Lavras (Ufla) pela Agência de Inovação do Café em pequenas lavouras
do grão de estados do Sul e Sudeste. Os pesquisadores visitaram 13
municípios, desses, Caconde é o que tem o menor custo de produção por
saca de 60 quilos, R$ 290. Sendo que o custo médio no país é de R$ 373.
De
acordo com o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Caconde,
Ademar Pereira, existem 2.145 pequenas propriedades no município. “O
parcelamento de solo aqui foi muito grande. Lá atrás, com a crise do
café, as grandes fazendas se dividiram muito e, hoje, praticamente todo o
município é de agricultura familiar voltada para o cultivo do café”,
explica.
Uma técnica que os
cafeicultores do município utilizam para melhorar os custos da produção é
plantar o dobro de mudas por hectare. Suas práticas de cultivo têm
melhorado graças ao atendimento da Assistência Técnica e Extensão Rural
contratada pelas chamadas públicas da Secretaria Especial de Agricultura
Familiar e Desenvolvimento Agrário. “Eles estão experimentando o
cultivo adensado, a produtividade por hectare chega a 50 sacas. Assim
eles gastam, praticamente, a mesma quantia e colhem o dobro de café”,
afirma Ademar. Em 2015, a média nacional de produção de café foi de 22
sacas. O agricultor de Caconde atualmente colhe mais do que o dobro ao
produzir 50 sacas.
A utilização de
máquinas e implementos agrícolas adquiridos por meio do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura (Pronaf) também tem ajudado no
baixo custo e no melhoramento da produção dos cafeicultores de Caconde.
Segundo Ademar, os agricultores da região têm investido em equipamentos
como a colhedeira portátil, o triciclo para secar o café e o soprador,
que substitui a peneira e chega a fazer o trabalho de um dia inteiro em
apenas 15 minutos. “O Pronaf, com suas taxas de juros reduzidas e 10
anos para pagar, foi, sem dúvida nenhuma, algo transformador para os
agricultores de Caconde. O que eles pensavam em fazer no futuro, estão
fazendo agora, sem medo”, ressalta ele, sobre a segurança financeira
propiciada pelo Pronaf.
Para o
presidente do sindicato, o sucesso na produção e a redução do custo se
dão devido a um conjunto de fatores. “Os agricultores de Caconde são
receptivos àquilo de novo que está sendo apresentado. Eles não são
resistentes às novas tecnologias e está disposto a investir em novas
técnicas e máquinas”, destaca.