A venda de matéria-prima para a produção de
biocombustíveis movimentou mais de R$ 2 bilhões para a agricultura familiar
brasileira na safra 2011/2012, de acordo com os dados informados pela indústria
do biodiesel. O número equivale às transações realizadas por meio do Programa
Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), executado pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), que atende aproximadamente 105 mil famílias de
agricultores em todo o País.
O incentivo às empresas produtoras de biodiesel
para comprar matéria-prima do agricultor familiar amplia sua área de atuação.
“Hoje é uma importante política pública de mercado para a agricultura familiar,
de renda e de capacitação tecnológica”, afirma o coordenador-geral de
Biocombustíveis da Secretaria de Agricultura Familiar do MDA, André Grossi
Machado.
As famílias participantes do Programa estão
localizadas em 16 estados e podem comercializar sua produção por meio de
contratos individuais ou de cooperativas. Atualmente, existem 103 cooperativas
aptas a participarem do Programa, e elas representam mais de dois terços das
transações realizadas. Os três estados do Sul, juntos, reúnem mais da metade
das famílias participantes seguido pela Região Nordeste, com quase 30 mil
famílias.
Produtor
O último levantamento feito pela coordenação nacional do Programa mostra que foram quase dois milhões de toneladas de matérias-primas adquiridas da agricultura familiar para a produção de biodiesel. A soja é a oleaginosa mais comercializada, representando 96% das transações, seguida por mamona e dendê.
O último levantamento feito pela coordenação nacional do Programa mostra que foram quase dois milhões de toneladas de matérias-primas adquiridas da agricultura familiar para a produção de biodiesel. A soja é a oleaginosa mais comercializada, representando 96% das transações, seguida por mamona e dendê.
No Assentamento Rio Paraíso, município de Jataí
(GO), Paulo Gottems é um dos que investiu na venda para o PNPB. “Antes, a gente
vendia para outras empresas, mas como somos pequenos, para elas não tinha muito
valor”, lembra o agricultor. Há cinco anos vendendo pelo Programa, ele
considera a experiência muito proveitosa. “Para mim é um dos melhores programas
voltados para a agricultura familiar”, afirma.
Ele conta que as vantagens vão desde a
assistência técnica, que facilita inclusive o acesso a crédito, até o maior
valor de comercialização. “Aqui na região o preço pode chegar a até R$ 5 a mais
por saca”, explica o produtor de soja. Graças a estes benefícios, ele decidiu
aumentar a área de plantio de 30 para 56 hectares. Com isso, a família de Paulo
consegue colher, em média, 2,8 mil sacas por safra.
Com a renda gerada pela produção e o apoio de
políticas públicas de crédito, em especial o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Paulo já adquiriu um trator e
uma plantadeira para facilitar a produção. As linhas do financiamento também
são indispensáveis para o custeio da produção. “Acesso o Pronaf todo ano para
plantar e também para investir”, conta.
Apesar de a soja ser a principal matéria-prima
comercializada pelo programa, algumas culturas como amendoim, gergelim,
girassol e o próprio óleo de soja, têm maior valor de mercado. Essas
oleaginosas, mesmo sendo vendidas para o PNPB, muitas vezes são utilizadas para
fabricação de produtos com maior valor de comercialização, gerando mais renda
para a agricultura familiar.
Selo Combustível Social
Atualmente, o Brasil tem 56 unidades operacionais
autorizadas a produzir e comercializar biodiesel, das quais 41 possuem o Selo
Combustível Social – identificação concedida pelo MDA às empresas que compram
matéria-prima da agricultura familiar. Juntas, essas unidades têm capacidade de
produzir 5,4 bilhões de litros de biocombustível por ano, o que representa 79%
da capacidade produtiva instalada no País.
O mercado de biodiesel no Brasil não é aberto, as
vendas são realizadas via leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP). As empresas que possuem o Selo Combustível Social têm
preferência nestes leilões, tendo 80% do mercado reservado e podendo concorrer
em 100% leilões. Além disso, elas recebem benefícios tributários, que variam de
acordo com a localidade.
Questões ambiental e econômica
O Programa Nacional de Produção e Uso do
Biodiesel contribui para que o Brasil compre menos diesel mineral de outros
países, estimulando a produção e o consumo de fonte de energia limpa e não
poluente. Incentiva também a agregação de valor aos grãos dentro do País,
contribuindo para uma maior oferta de farelo e tortas para alimentação animal.