Crédito fundiário incentiva trabalho da juventude no campo
06/06/2012 11:44

Em 2009, os jovens se organizaram e conseguiram
acessar a linha Nossa Primeira Terra do PNCF. O pagamento do imóvel, no valor
de R$ 190 mil, foi parcelado em 17 anos com carência de três. Os jovens têm até
50% de desconto na prestação se efetuarem os pagamentos em dia. Eles estão
organizando uma feira em outubro, no próprio assentamento, para arrecadar
dinheiro a fim de quitar a primeira parcela anual do contrato, que vence no início
do ano que vem. A expectativa é vender mais de 120 animais, fruto da reprodução
dos 287 caprinos (278 cabras e nove bodes) comprados com recursos oriundos do
Crédito Fundiário – diferentemente da área, o investimento em projetos
produtivos não precisa ser devolvido.
Filho de agricultor familiar, Lucas cresceu na
zona rural e nunca pensou em ganhar a vida nos centros urbanos. Segundo a mãe,
Maria Francisca Ferreira Rodrigues, 53 anos, o jovem sempre gostou das
atividades do campo. “Desde pequeno ele sempre teve talento para a roça. Ainda
bem que está tendo essa oportunidade de permanecer no meio rural”, afirma.
Lucas concluiu o Ensino Médio e atualmente estuda
Agronomia. “A ideia é levar o conhecimento acadêmico para o dia a dia da nossa
unidade”, explica. “Para nós, jovens agricultores, é uma grande satisfação ter
o nosso espaço. Antes, precisávamos procurar emprego em fazendas, plantar e
colher para os outros. Muitos acabam se cansando e migrando para a cidade”,
conta. Orgulhosa do marido, a estudante Eleneide da Silva Lopes, 18 anos,
espera que os filhos, assim como ela e o pai, finquem raízes no campo. “Quero
ter filhos e espero que eles cresçam no assentamento e um dia busquem outra
unidade produtiva para continuar a atividade”, conta.
Inclusão
Onofre Carvalho do Nascimento, 23 anos, é outro
produtor do Assentamento Bela Vista. “Aqui é todo mundo amigo, nos reunimos
todo segundo domingo do mês para discutir assuntos relacionados à unidade. Cada
um tem a sua função”, explica. A rotina dele começa bem cedo. Às 5h está de pé
para colocar os cabritos para mamar e dar comida aos animais. Depois, os
cuidados são com os mais de nove mil pés de pimenta malagueta – projeto ainda
em fase de implementação. Tantos afazeres não desanimam o jovem produtor. “A vida
no campo é muito boa. A diversão é cuidar da nossa terra”, conclui.
“O Piauí tem sido um exemplo nas ações de
inclusão da juventude rural. Conscientes do seu papel na sucessão da
agricultura familiar brasileira, muitos jovens rurais piauienses estão se
qualificando e voltando para o campo como protagonista. Um exemplo disso são os
jovens de Bela Vista”, avalia o secretário de Reordenamento Agrário do MDA,
Adhemar Almeida.
Na opinião da assessora especial de Juventude do
MDA, Ana Carolina Silva, as políticas públicas voltadas para os jovens da zona
rural dão a eles a possibilidade de escolher se querem ou não deixar o local
onde cresceram. Segundo ela, essa escolha não deve estar atrelada à falta de
oportunidade e de conhecimento. “A maior dificuldade que existe, hoje, no campo
é relacionada à permanência da juventude naquele espaço. O MDA está trabalhando
para aperfeiçoar as políticas já existentes e criar novas políticas para que o
jovem possa escolher se quer ou não permanecer no campo”, explica.
PNCF - Nossa Primeira Terra
O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF)
disponibiliza o selo Nossa Primeira Terra (NPT) que tem o objetivo de estimular
o empreendedorismo do jovem rural e a permanência dele no campo, com foco na
sucessão da agricultura familiar.
O selo
atende à demanda de jovens rurais sem-terra, filhos de agricultores familiares,
alunos dos centros de formação por alternância e de escolas de formação
agrotécnicas, com idade entre 18 e 28 anos, que desejem investir em uma
propriedade. Desde a implantação, mais de 31 mil jovens foram beneficiados com
a iniciativa que, até o momento, investiu R$ 632 milhões.
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