Os dias
26 e 27 de março serão guardados com carinho na memória de 59 agricultores
familiares do Espírito Santo. Após frequentarem 160 horas/aula nos cursos
técnicos de horticultura e bovino de leite, os primeiros oferecidos pelo
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego no Campo (Pronatec
Campo) no estado, os produtores receberão o diploma de conclusão dessa etapa de
ensino. Apoiada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a iniciativa
integra o Programa Nacional de Educação no Campo (Pronacampo), do Ministério da
Educação (Mec).
As cerimônias de formatura serão realizadas nos
mesmos municípios que sediaram os cursos. Os primeiros certificados serão
entregues para os 27 agricultores concluintes da turma de horticultura, na
terça-feira (26). A solenidade ocorrerá no Assentamento do Sumidouro, no
município de Alegre, às 17h. No dia seguinte, 27, será a vez dos 32 alunos do
curso de bovino de leite receberem o diploma que atesta nacionalmente a
qualificação profissional recebida. A cerimônia será realizada no Assentamento
Luíz Taliuli, no município de Guaçuí, às 10h.
Para conciliar as atividades ministradas nas aulas
com as rotinas dos produtores, os cursos foram realizados em módulos, e não da
maneira tradicional, com aulas diárias. “Fizemos essa divisão para não
atrapalhar a rotinas dos agricultores, para que eles tivessem horários
compatíveis com suas realidades”, explica o delegado federal do MDA no Espírito
Santo, Josean de Castro Vieira.
Determinada em expandir seu conhecimento, Edilene
da Silva Curty, de 34 anos, caminhava cerca de 40 minutos, três vezes por
semana, para participar do curso de horticultura. As aulas eram ministradas na
sede da Associação dos Produtores da Comunidade de Sumidouro, no mesmo
assentamento onde a agricultora familiar reside com o marido, Idevaldi de
Mercati, 45, e os dois filhos, de 6 e 9 anos.
O caminho até o curso era percorrido em companhia
das vizinhas, também matriculadas na turma de Edilene. “Optei pelo curso,
justamente, por não ter o conhecimento exato na área. Apesar de morar na roça,
ter uma área de horta, a gente não sabia como plantar. Você vai com uma cabeça
e volta totalmente diferente”, pontua Edilene.
Implantando
o conhecimento
As instruções adquiridas nos três meses de aula, de
dezembro a fevereiro, foram postas em prática rapidamente pela agricultora.
Edilene aproveitou a antiga horta que tinha no quintal de sua propriedade de
dois hectares para testar o que aprendia. “Minha horta estava fraquinha, quase
acabando. Nem tinha muito gosto em mexer, talvez até por a gente não saber o
jeito correto de fazer. Com o curso, não. A gente aprendeu a forma certa de
plantar, o que devemos semear. Foi um incentivo”, afirma. Hoje, a agricultora
garante que a situação é diferente. “Minha horta já mudou de cara
completamente. Antes só tinha couve, agora já tem cenoura, cebolinha, plantas
condimentares e açafrão da terra, que eu nem conhecia”, revela.
Edilene conta que, atualmente, os produtos
cultivados na horta são para consumo próprio e que a renda familiar vem da
comercialização do café que é plantado e colhido na propriedade da família. Mas
o cenário pode mudar em breve. “O que a gente aprendeu na horta pode ser
aplicado tanto no que produzimos hoje como em outras fontes de renda. O
conhecimento vai fazer a diferença. É uma oportunidade diferente que a gente
tem para se desenvolver, fazer uma feira ou até mesmo de oferecer os produtos
para a merenda escolar”, avalia a agricultora que está ansiosa para levar a
família para a cerimônia de formatura.
"A gente tem um déficit muito grande na parte
educacional, de formação e informação, no campo. O grande desafio do MDA é
diminuir essa distância entre a cidade e o meio rural. Levar conhecimento ao
campo, qualificar os agricultores, dá condições para eles terem acesso à nossas
políticas públicas de forma mais eficiente Essa capacitação torna a atividade
que eles já possuem mais rentável, mais sustentável e com maior eficiência”,
analisa Josean de Castro Vieira.
Novas 24
turmas
Outras duas turmas do programa no estado, de
cafeicultura e informática, ainda estão em curso até o próximo mês, quando a
capacitação será concluída. Para 2013, o Pronatec Campo no Espírito Santo deve
ofertar 880 vagas em 11 cursos diferentes. Os interessados em obter a
capacitação técnica já podem efetuar a inscrição na delegacia federal do MDA no
estado, no Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
(Incaper) nos Centros de Referências de Assistência Social (Cras) do Espírito
Santo.
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