Uma produção orgânica vai muito além da ausência de
agrotóxico. Para que o produto seja certificado, toda a propriedade deve estar
em equilíbrio com o meio ambiente. Quem explica bem como funciona é Felipe Gehrker,
residente de Picada Café, município da Serra Gaúcha, produtor de orgânicos
desde 2001. “Para começar a produzir orgânicos deve-se obedecer às normas e
regras da certificadora. É preciso respeitar córregos, matas nativas, flora,
fauna e solo. Você nunca vai produzir pensando só em você, o que o vizinho faz
interfere na minha produção”, relata.
Felipe está expondo e comercializando no espaço da
agricultura familiar, no pavilhão dois, da Festa Nacional da Uva. A família do
agricultor produz uva, morango, amora, tangerina ou bergamota e figo, que,
beneficiados, se transformam em sucos, geleias e compotas. Eles fazem parte da
Cooperativa de Produção e Comércio Vida Natural – Coopernatural, que hoje tem
32 cooperados e já expôs seus produtos em feiras por todo Brasil e, até mesmo,
fora do país.
Sobre a escolha dos produtos e forma de trabalho
Felipe dá a dica. “Usamos adubação verde, e a escolha da espécie a ser
cultivada tem que ser correta. Eu escolhi a uva bordot, que é uma espécie mais
rústica e resistente. E em outros casos, como o morango, eu planto e espero
crescer, e, se houver alguma praga, eu erradico a planta doente. No orgânico a
prevenção é a essência, ou seja, com um solo bom a planta é sã.”
Os produtos da propriedade dos Gehker são
certificados pela Ecovida, uma rede de agroecologia e
certificação de produtos orgânicos participativa, onde os associados fazem auto
certificação, ou seja, eles mesmos vistoriam as propriedades uns dos outros.
Quem também tem seus produtos certificados pela
Ecovida é a família de Adriana Mossmann Steffen, que mora em Bom Princípio,
também no Rio Grande do Sul, famosa terra do morango, onde produzem orgânicos
derivados da cana-de-açucar. Da propriedade saem açúcar mascavo, melado,
rapadura com amendoim e o Schmier - um doce criado pelos imigrantes alemães no
RS, a base de caldo de cana, abóbora, laranja, mamão e mandioca.
Segundo Adriana, o que os mantêm firmes na produção
é o modo de vida saudável conquistado por eles e repassado aos outros. “Nós
sempre produzimos naturalmente, mas hoje temos mais preocupação com o que
comemos e passamos para as pessoas comerem. A sorte é que o mundo está mudando,
agora o consumidor tem mais consciência do que comprar para alimentar sua
família. Além disso, é muito mais gostoso né?” Sobre as características do
alimento orgânico, Felipe concorda com Adriana. “O produto orgânico
mantém a característica original da planta tanto na cor quanto no sabor e,
também, na nutrição. Quem experimenta, só vai querer orgânico”, observa o
agricultor da Serra Gaúcha.
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