Governo amplia alcance do Programa Brasil Quilombola com ações do Brasil
Sem Miséria
As comunidades quilombolas representam um
patrimônio cultural da sociedade brasileira. Essas comunidades, definidas como
grupos étnicorraciais, são majoritariamente rurais e vêm se mantendo unidas a
partir de relações históricas com o território, a ancestralidade, as tradições
e práticas culturais e religiosas que, em muitos casos, subsistem ao longo de
séculos. Estima-se que são 214 mil famílias no País. Ao todo, são 1.834
comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares.
São estas comunidades que estarão sendo
representadas nesta quarta-feira (21), às 11h, no Salão Nobre do Palácio do
Planalto, quando o governo federal vai reforçar o Programa Brasil Quilombola
com o anúncio de um conjunto de ações a serem executadas em parceria entre a
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), o Ministério
do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Cultura
(Minc), por meio da Fundação Cultural Palmares.
Em alusão ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência
Negra, celebrado na terça-feira (20), a Presidenta Dilma Rousseff; o ministro
do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e as ministras e ministros Luiza
Bairros, Tereza Campelo, Marta Suplicy e Aloísio Mercadante, além do presidente
da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira, assinam atos para garantir os
direitos dessa parcela da população e marcar a expansão do Programa Brasil
Quilombola (PBQ), incluindo as ações do Plano Brasil Sem Miséria (BSM) voltadas
para estas comunidades. A coletiva de imprensa com os ministros será às 12h45.
Atuação do MDA
Atualmente, mais de 4,4 mil famílias de quilombolas
em situação de extrema pobreza são atendidas com serviços de Assistência
Técnica e Extensão Rural (Ater) custeados pelo MDA. O investimento supera o
valor de R$ 7,5 milhões. As ações nas comunidades localizadas nos estados da
Bahia, Maranhão, Minas Gerais e Pernambuco têm o objetivo de qualificar a
produção nos quilombos com vistas a garantir segurança alimentar e nutricional
e gerar renda a esses grupos por meio de atividades sustentáveis de uso e
manejo dos recursos naturais. Está prevista ainda, para este ano, chamada
pública para atender mais 4,5 mil famílias quilombolas no âmbito do Plano
Brasil Sem Miséria.
Os números da Coordenação Geral de Políticas para
Povos e Comunidades Tradicionais (CGPTC) do MDA mostram que o investimento da
pasta em Ater para quilombolas aumentou nos últimos anos. De 2005 a 2009, foram
aplicados cerca de R$ 4 milhões em serviços para atender 637 comunidades. No
ano seguinte, a Ater beneficiou 40 comunidades, atividades que demandaram mais
de R$ 2 milhões. Em 2012, o investimento já ultrapassa os R$ 7,5 milhões em
serviços em andamento e há a previsão de lançamento de outras chamadas.
Mais ações
Em março de 2012, o MDA em parceria com a Seppir,
Fundação Cultural Palmares, MDS, Incra, Ministério da Saúde e Serviço Florestal
Brasileiro, promoveu o 1° Seminário Nacional de Assistência Técnica e Extensão
Rural (Ater) para Quilombolas, em Brasília. Representantes de comunidades
quilombolas de todo o País tiveram a oportunidade de ampliar e aprofundar o
diálogo sobre a Política Nacional de Ater (Pnater) para os quilombolas,
considerando suas especificidades étnicas, culturais e territoriais.
O MDA tem atuado para levar organizações produtivas
de comunidades quilombolas para participar da Feira Nacional da Agricultura
Familiar e Reforma Agrária – Brasil Rural Contemporâneo, no município do Rio de
Janeiro, com início nesta quarta-feira (20). Neste mesmo mês, será lançada a
Rede Temática de Ater Quilombola. A Rede, que congrega entidades que prestam
serviços de Ater a quilombolas, parceiros locais, o MDA e outras organizações,
tem como objetivo potencializar o debate sobre a assistência técnica para este
grupo, bem como discutir estratégias para a expansão da rede de parceiros e
obtenção de recursos.
Além disso, a Coordenação Nacional de Articulação
das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) participa do Comitê
Permanente de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf). “A Conaq é
a voz dos quilombolas no Conselho”, pontua Cerqueira. Ele explica que a
entidade é também a responsável pela interlocução entre o governo federal
(Seppir, MDA e outros) e os quilombolas. A entidade promoveu em 2011, no Rio de
Janeiro, o 4º Encontro Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, com
a presença de 25 estados.
Programa Brasil Quilombola
A Constituição Federal, no Artigo 68 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, assegura à população quilombola o
direito aos seus territórios. Com a criação do Programa Brasil Quilombola
(PBQ), em 2004, as comunidades passaram a ser beneficiárias de uma série de
políticas sociais específicas, com investimentos públicos crescentes nos
últimos anos.
Entre os principais resultados do Programa, pode-se
destacar: 193 comunidades têm o território titulado, beneficiando; no âmbito do
PAC, o investimento em saneamento básico já alcança R$ 152 milhões empenhados,
para atender 421 comunidades; o Programa Luz para Todos eletrificou mais de 25 mil
domicílios quilombolas, até 2012; há 2.008 equipes de Saúde da Família e 1.536
equipes de Saúde Bucal, em 1.117 municípios, que atendem assentados da reforma
agrária e comunidades quilombolas.
Além disso, existem 1.912 escolas quilombolas em
todo o País beneficiadas pelo adicional no valor da merenda escolar e pela
priorização para recursos voltados à manutenção e reforma operados pelos
Programas Nacional de Alimentação Escolar e Dinheiro Direto na Escola. Novas
escolas continuam sendo construídas: há projetos conveniados para 75 escolas
quilombolas desde 2009.
Eixos das Novas Ações PBQ/BSM
Regularização Fundiária
A regularização fundiária é questão fundamental
para a população quilombola e o primeiro eixo das novas ações. No evento da
quarta-feira, serão assinados 11 decretos de declaração de interesse social em
benefício de 11 comunidades; e entregues Títulos Fundiários para 2 comunidades
quilombolas de Sergipe, com reconhecimento definitivo do seu território.
Também serão entregues certidões de reconhecimento
para 23 comunidades do Piauí, que se somarão às mais de 1,8 mil comunidades já
certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Um anúncio de Termo de Cooperação
entre a SEPPIR e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
para ações de regularização fundiária será feito, com previsão de repasse de R$
1,2 milhão para identificação e delimitação de terras, que deverão beneficiar
3.350 famílias de 26 comunidades.
Inclusão produtiva
O segundo eixo é a inclusão produtiva. Segundo levantamento
da SEPPIR, as comunidades quilombolas têm como principais atividades produtivas
a agricultura, o extrativismo e a pesca artesanal. Nesse sentido, estão
previstos:
- Assinatura de portaria regulamentando a ação da
Fundação Cultural Palmares na emissão de Declaração de Aptidão (DAP) ao
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para
quilombolas, ampliando a possibilidade de acesso dessas comunidades às
políticas de crédito, fomento e compras da pequena agricultura familiar.
- Assinatura da portaria do Selo Quilombos do Brasil, que envolve a Seppir e o MDA e se articula com o Selo da Agricultura Familiar para ampliar a emissão dos certificados de origem e identidade cultural dos produtos de procedência quilombola, fortalecendo assim a qualificação dos produtos quilombolas, através da sua identificação, valorização e reconhecimento no mercado nacional.
- Assinatura, dentro do Brasil sem Miséria, de acordo de cooperação para aprimorar a implementação da 2ª Chamada de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) Quilombola do BSM, lançada pelo MDA em outubro de 2012, e que beneficiará 4,5 mil famílias. O Programa de Ater possibilita o aumento da renda e a melhoraria da qualidade de vida das famílias rurais, por meio do aprimoramento da produção agrícola de forma sustentável. A 1ª Chamada de Ater, feita em 2011, já beneficia 4,48 mil famílias. O acordo de cooperação articulará o MDS, o MDA, a Seppir e a Fundação Cultural Palmares.
- Anúncio da programação da oferta de água às comunidades quilombolas do Semiárido, por meio do Programa Água Para Todos do Brasil sem Miséria;
- Assinatura da portaria do Selo Quilombos do Brasil, que envolve a Seppir e o MDA e se articula com o Selo da Agricultura Familiar para ampliar a emissão dos certificados de origem e identidade cultural dos produtos de procedência quilombola, fortalecendo assim a qualificação dos produtos quilombolas, através da sua identificação, valorização e reconhecimento no mercado nacional.
- Assinatura, dentro do Brasil sem Miséria, de acordo de cooperação para aprimorar a implementação da 2ª Chamada de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) Quilombola do BSM, lançada pelo MDA em outubro de 2012, e que beneficiará 4,5 mil famílias. O Programa de Ater possibilita o aumento da renda e a melhoraria da qualidade de vida das famílias rurais, por meio do aprimoramento da produção agrícola de forma sustentável. A 1ª Chamada de Ater, feita em 2011, já beneficia 4,48 mil famílias. O acordo de cooperação articulará o MDS, o MDA, a Seppir e a Fundação Cultural Palmares.
- Anúncio da programação da oferta de água às comunidades quilombolas do Semiárido, por meio do Programa Água Para Todos do Brasil sem Miséria;
Políticas sociais
O terceiro eixo de ações trata da ampliação do
acesso a políticas sociais, incluindo programas e ações de transferência de
renda por meio da Busca Ativa:
- Busca Ativa no âmbito do Brasil sem Miséria para
inclusão no Bolsa Família e atualização das famílias quilombolas no CadÚnico
(MDS), visando à ampliação do acesso ao programa de transferência de renda do
governo federal e a identificação como quilombola - mesmo para os já
beneficiários do PBF - permitindo que se amplie o acesso das comunidades a um
conjunto de políticas sociais;
- Anúncio de Homologação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola (MEC), que institui
orientações curriculares baseadas nos valores históricos e culturais das
comunidades quilombolas.
Dúvidas
O que muda na vida dessas comunidades a partir da
regularização fundiária? Quais são os benefícios, além da posse da terra?
O território é a principal reivindicação das
comunidades quilombolas. É na terra que a comunidade assegura sua reprodução
física, social, cultural e econômica. A regularização fundiária permite, ainda,
o acesso com maior segurança a políticas de inclusão produtiva, como crédito, e
infraestrutura, como o Minha Casa Minha Vida. Essas e as demais políticas
sociais são acessíveis a todas as comunidades certificadas (1834) e tituladas
(193).
Quando começam essas ações?
As ações previstas no conjunto a ser lançado em 21
de novembro, preveem a implementação de ações para além do universo de
comunidades a serem decretadas. Inclusive, parte dessas ações já possui
histórico de implementação desde 2004, como é o caso da Assistência Técnica e
Extensão Rural para quilombos, executada pelo MDA. As ações a serem lançadas
reforçam essa articulação já existente entre diversos órgãos do governo
federal. Parte dos instrumentos que serão assinados tem resultado imediato a
partir de sua publicação, como as Diretrizes Curriculares para a Educação
Quilombola e os títulos de domínio que reconhecem os territórios. Outros terão
suas as ações implementadas ou continuadas em 2013.
Como funciona a certificação com os selos Quilombos
do Brasil e Agricultura Familiar?
Sobre essa questão, a articulação dos dois selos favorece as comunidades que serão certificadas, pois assegura que os produtos quilombolas possam ser incluídos nas redes que estimulam a compra pela agricultura familiar e garante o reforço no produto de sua identidade quilombola.
Sobre essa questão, a articulação dos dois selos favorece as comunidades que serão certificadas, pois assegura que os produtos quilombolas possam ser incluídos nas redes que estimulam a compra pela agricultura familiar e garante o reforço no produto de sua identidade quilombola.
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