A vida de
Antônio Will, 40 anos, é muito diferente hoje do que era há 13 anos, graças ao
fim do plantio do tabaco. No final dos anos 90, sua família deixou de fazer
parte do grupo de mais de 60 mil produtores de fumo no estado de Santa Catarina
- segundo maior produtor brasileiro. Por iniciativa própria, sozinhos no
início, os resultados foram pequenos. A força veio a partir de 2006, quando a
família passou a receber assistência técnica pelo Programa Nacional de
Diversificação de Áreas Cultivadas com Tabaco, do Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA).
Decididos a deixar a cultura do tabaco, Antônio e o
pai iniciaram o cultivo de hortaliças para serem vendidas in natura na região.
Pouco depois montaram a agroindústria Conservas Will e passaram a beneficiar
parte da produção. Com a inclusão da família no programa de diversificação de
culturas, a assistência técnica chegou trazendo novo fôlego para a empresa.
“Estávamos começando meio fraquinho e eles trouxeram projetos que ajudaram a
gente a se desenvolver”, conta Antônio.
Os projetos, realizados em parceria com o Centro de
Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), possibilitaram à família
acessar políticas de crédito para expansão da agroindústria e a encontrar
mercados para os produtos. Hoje a agroindústria produz cerca de cinco toneladas
de doces e conservas por mês e é responsável pelo sustento de 10 famílias
agricultoras da região. Em 360 m2 de área são produzidas conservas de
hortaliças como cebolinha e pepino, além de doces em calda e 12 variedades de
geleias. Diariamente são beneficiadas cerca de 800 unidades, em tamanhos de
300g, 500g e 2kg.
Qualidade de vida
Dois motivos principais motivaram a mudança de
cultura: pouca rentabilidade e problemas de saúde. “Muitas pessoas ficam
doentes trabalhando com fumo. Tem muito veneno”, explica Antônio. A renda da
família que mal chegava a mil reais, atualmente é três vezes maior. Os venenos também
estão ficando para trás. Hoje 70% da produção da família tem certificação
orgânica. A meta é que em três anos toda a produção seja livre de agrotóxicos.
O acesso a outras políticas foram fundamentais para
a consolidação do projeto. Entre elas o crédito do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que é usado para custear a
plantação e para investir na agroindústria. O Mais Alimentos – linha de crédito
do Pronaf, possibilitou a aquisição de um caminhão refrigerado que, em funcionamento
há uma semana, já está fazendo diferença no negócio. “Com o caminhão baú de
carga seca a gente perdia muita coisa. Os produtos in natura estragavam,
murchavam e apodreciam. Agora está muito melhor”, conta.
Além disso, um dos principais mercados da produção
da família é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), executado pelo
MDA. “Estamos com um bom mercado aqui, estamos com falta de produção até, na
verdade”, revela seu Antônio que espera aumentar a linha de produtos para
atender mais demandas da região. Para isso ele ajuda na conscientização de
outras famílias da região, esperando que elas sigam seu exemplo e, quem sabe,
possam fornecer seus produtos para a agroindústria.
O programa
Coordenado pelo MDA, por meio da Secretaria de Agricultura
Familiar (SAF), o Programa Nacional de Diversificação em Áreas Cultivadas com o
Tabaco concede aos agricultores familiares produtores de fumo acesso à
Assistência Técnica e Extensão Rural para produção de alimentos como
alternativa economicamente viável à cultura do tabaco. A partir de cursos de
capacitação, fomenta o acesso à informação e apoia na comercialização. O
programa também promove o desenvolvimento de pesquisas em parceria com
universidades federais e estaduais, que apontam a realidade desses produtores
em relação a danos ambientais e na saúde decorrentes da produção.
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