“Eu não troco o sítio pela cidade”,
afirma Noeli Klasener Giraldi. Nascida e criada na área urbana,
Noeli mudou-se para o meio rural depois do casamento com Aristeu
Giraldi, há 32 anos. “Naquela época era complicado trabalhar no
campo, o agricultor não tinha vez para nada. Hoje, não. Agora a
gente tem apoio e até sente orgulho de dizer que é agricultor.”
As mudanças chegaram para a família em forma de políticas
públicas. A principal delas foi o Programa de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf) que impulsionou a criação de um
negócio de sucesso em casa.
A ideia da agroindústria Produtos
Coloniais Klasener veio do sucesso das conservas feitas por Noeli
entre conhecidos. O produto que, a princípio, era para consumo da
própria família passou a ser vendido para amigos e, depois, na
feira local, no município de Capitão Leônidas Marques (PR). Ao
perceberem a oportunidade de negócio, os Klasener foram buscar uma
forma de viabilizar o empreendimento. “Na época, não tínhamos
condições de começar a fazer um investimento assim, de comprar as
coisas para montar a agroindústria”, lembra Noeli.
O primeiro recurso veio do Pronaf
Mulher, uma linha de financiamento que beneficia atividades
desenvolvidas por mulheres rurais. A família também acessou o
Pronaf Investimento. Com o crédito, foi possível construir a
agroindústria que, hoje, comercializa mais de 15 toneladas de
conservas por ano. “O Pronaf tem sido muito bom para nós. As
condições de pagamento têm prazo e o juro é baixo. Para quem
trabalha com agricultura familiar isso é muito importante”,
ressalta.
No sítio de dez hectares, 1,5 hectare é
cultivado com verduras para a produção das conservas. Tem pepino,
abobrinha, cebola, picles, beterraba, rabanete, enfim “tudo que
der retorno no vidro”. O trabalho é todo desenvolvido pela
própria família. O filho caçula ajuda os pais na lida diária na
propriedade e as três filhas mais velhas, formadas em engenharia de
alimentos, ajudam na elaboração dos rótulos e informações
nutricionais dos produtos.
Produção A
família antes sobrevivia da venda de verduras em feiras, como milho
e feijão. Hoje, continua a comercializar os produtos, mas as
conservas passaram a ser a principal fonte de renda. “Nossa vida
mudou da água para o vinho. Os produtos são vendidos praticamente
todos os dias e não dependemos mais de apenas uma safra por ano. O
dinheiro entra durante todo o mês”, conta Noeli. O rendimento
médio mensal passou de um para quatro salários mínimos, além de
ser contínuo.
Outro mecanismo fundamental para a
família é o Selo da Agricultura Familiar (Sipaf), que tem como
objetivo identificar a produção da agricultura familiar no Brasil.
Mas para Noeli a importância dele vai além. “Você coloca o
produto no mercado e o selo já chama a atenção das pessoas”,
aponta. Ela conta que já teve vendas garantidas devido à
identificação.
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