O ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Pepe
Vargas, entregou na tarde desta segunda-feira (24), em Porto Alegre, ao
presidente da Associação Comunitária Cultural do Areal, Alexandre Ribeiro,
cópia da portaria que reconhece e declara como terras da comunidade
remanescente de quilombo do Areal/Luiz Guaranha, área de 4.466,23 m2 localizada
no município. O documento, publicado no Diário Oficial da União do dia 14
de fevereiro, permite avanços no processo de regularização do território – as
áreas que o integram são de propriedade da prefeitura e do Governo do Estado do
Rio Grande do Sul.
“Cumprimento às famílias do Areal, guerreiras e
guerreiros, que graças às lutas e resistências de vocês, está ocorrendo hoje
este ato”, afirmou Pepe Vargas. “Um acontecimento como este, significa o
resgate de uma dívida do estado brasileiro com vocês”, discorreu o ministro,
durante seu discurso.
Com a portaria, o prefeito de Porto Alegre, José
Fortunati, poderá anunciar o encaminhamento de projeto de lei para destinar a
área à comunidade, formada por 67 famílias.
O ato, realizado na comunidade, foi acompanhado
também pela ministra da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial,
Luiza Bairros e pelo diretor de Ordenamento Fundiário Substituto do Incra e
Coordenador Geral de Regularização Fundiária, Marcelo Trevisan.
Processo – A regularização do território do Areal iniciou em
2005, com abertura de processo no Incra/RS. Desde então, diversos estudos e levantamentos
foram produzidos, como o relatório antropológico, elaborado por pesquisadores
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), coordenados pela
professora Denise Jardim.
A portaria de reconhecimento é a última atuação
direta do Incra/RS no processo desta comunidade. Isto porque as áreas que
integram o território pertencem à prefeitura e ao governo do estado – neste
caso, o Instituto não procede à desapropriação e desintrusão dos imóveis, etapa
processual anterior à emissão do título em nome da comunidade.
A titulação do Areal, que deverá ser realizada
diretamente pela prefeitura e pelo governo estadual, consiste em um documento
específico, em razão do reconhecimento da área como território quilombola: é um
título indiviso e coletivo.
O reconhecimento vai permitir às famílias acesso a
políticas públicas como o programa Minha Casa, Minha Vida, entre outras ações
voltadas à infraestrutura e qualidade de vida, inclusão produtiva, garantia de
direitos e cidadania – eixos do Programa Brasil Quilombola.
No RS, três comunidades quilombolas já foram
tituladas pelo Incra: Chácara das Rosas, em Canoas; Família Silva, em Porto
Alegre; e Casca, em Mostardas – as duas primeiras, assim como o Areal/Luiz
Guaranha, são quilombos urbanos.
Incra/RS: Sônia Fernandes
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