Há pouco
mais de dez anos, a vida da assentada da reforma agrária Benedita Crispim da
Paz, 45 anos, não era nada fácil. Ao chegar ao assentamento Santa Tereza, no
município de Dueré (TO), Bené, como é conhecida pelos companheiros, morava em
uma casa de palha e não tinha nem uma bicicleta para a locomoção. Hoje, a
presidenta da Cooperativa Santa Tereza (Coopsanter) comemora a melhora na renda
e na vida, por meio de programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA).
Essa melhoria na renda do agricultor familiar foi
constatada por meio de uma pesquisa encomendada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou que a renda do trabalhador do campo
subiu 52%, entre 2002 e 2011. Esse crescimento, segundo Bené, se deu pelo
esforço dela, da comunidade e dos programas do MDA.
“O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae)
fez a diferença, porque acompanhou a tendência do País, que melhorou nos
últimos anos. E o assentamento acompanhou esse crescimento, não ficamos
parados, corremos atrás”, enaltece a assentada, que participa, também, do
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Atualmente, Benedita cita os ganhos do seu
assentamento, que planta cana-de-açúcar para a produção de rapaduras, melados e
derivados, além de doce de leite, nas entressafras. O assentamento possui dois
carros, uma caminhonete, um trator e todos os associados (14 famílias) têm
moto. “Isso se deve ao campo, que nos deu a oportunidade de trabalhar e gerar
renda, e ao governo, que nos ajuda, por meio dos programas. Hoje em dia, só não
desenvolve quem não quer”, avalia.
Bené conta, ainda, que conseguiu fazer graduação –
a assentada é jornalista, desde 2010. “Quis me capacitar mais. Achavam que eu
ia embora depois de formada, mas estou exercendo a profissão aqui”, diverte-se,
revelando que vão voltar a trabalhar no site da cooperativa, para o qual ela
escreverá.
Transformação
Em Cárceres, município a 214 km da capital de Mato
Grosso, vive o agricultor familiar Paulo Ribeiro de Melo, 52 anos. Em 2010,
Paulo aproveitou o CNPJ de uma antiga cooperativa seletora de lixo, que estava
com a situação irregular, para montar a Cooperativa Agropecuária de Produtores
da Agricultura Familiar (Coopfami), produtora de frutas, verduras e legumes.
A Coopfami, que tem 35 famílias associadas,
participa do Pnae, beneficiando mais de 11,5 mil alunos da redondeza com
abacaxi, abóbora madura, caipira, abobrinha verde, alface, almeirão, rúcula,
banana da terra e nanica, cebolinha, couve, limão, mamão, mandioca, melancia,
milho verde com espiga, pepino e quiabo. “O Pnae ajudou a gente porque é uma
entrega garantida. Não temos mais aquela preocupação de plantar e não saber se
o mercado local vai querer o produto ou não”, comemora.
Paulo confessa que chegou a trabalhar na zona
urbana do estado, mas, hoje, não pensa mais em voltar para a cidade grande. “O
bom do campo é que a gente trabalha com os nossos produtos, somos os nossos
patrões”, resume.
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