Umbu, caju e maracujá do mato. As frutas
nativas no estado do Piauí são fonte de renda para Ana Cláudia
Alves, 35 anos, moradora do assentamento Lagoa Novo Zabelê, no
município de São Raimundo Nonato (PI). Viúva, Ana Cláudia é
responsável pelo sustento dos quatro filhos. E não é a única.
Junto a ela, outras 24 mulheres trabalham diariamente com produção
de polpas de frutas, doces e geleias, que é a principal fonte de
renda da maioria destas famílias.
Fundada em 2008, a unidade de
beneficiamento de frutas é um dos resultados de ações do
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio do Projeto
Dom Helder Câmara, no assentamento. Todo o planejamento foi
construído em conjunto com as mulheres a partir de reuniões
organizadas com os moradores do assentamento. Com a identificação
do potencial da produção de polpas, o grupo recebeu capacitações
para produção, gestão, comercialização e diversas outras.
Ana Cláudia conta que o projeto
proporcionou assistência técnica praticamente diária para o
desenvolvimento da agroindústria, além da verba para a construção
do espaço. “O Dom Helder é o financiador de todas as ações que
nos deram vida. Desde as reuniões, os acompanhamentos técnicos, as
visitas de intercâmbio, as formações de gestão e produção. Tudo
que nos temos aqui vem do projeto”, explica.
Polpas de frutas
Anualmente o grupo produz aproximadamente
30 toneladas de polpas de frutas nativas, principal renda da fábrica.
A produção que antes era vendida em feiras livres na região passou
a ser comercializada por meio do Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). “Graças
a isso temos renda assegurada o ano todo”, explica Ana Cláudia.
A agroindústria melhorou a qualidade de
vida das mulheres em diversos aspectos. “Conseguimos a liberdade de
ter nossa própria renda, de produzir, ter um recurso seguro para
ajudar a família. Além disso, com a fábrica tivemos uma melhora na
qualidade de trabalho. Antes, a gente sofria muito”, observa. Os
planos agora são para crescer. A produção vai passar a incluir,
também, a cajuína, bebida típica da região, preparada a partir do
suco de caju.
Apoio do MDA
Iniciativa apoiada pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário, o projeto desenvolve ações estruturantes
para fortalecer a reforma agrária e a agricultura familiar no
Semiárido nordestino. O objetivo é o combate à pobreza e apoiar ao
desenvolvimento rural sustentável na região, a partir da promoção
da autonomia dos cidadãos.
Os próprios beneficiários discutem suas
necessidades, opinam sobre as possibilidades e definem ações
prioritárias que possam alterar, significativamente, o rumo de suas
vidas. Além disso, o projeto desenvolve ações complementares de
educação, saúde, capacitação, produção, comercialização,
serviços financeiros, gênero e etnia.
Os recursos
para implantação dos projetos são do Governo Federal, do Fundo
Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (Fida) e do
Global Environnent Facility (GEF).
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